Novas variedades de cana focam ganho de produtividade 

Novas variedades de cana focam ganho de produtividade 

CTC testa cinco cultivares, enquanto a Nussed aposta em ‘cana energia’

Crédito da imagem: iStock-BP / Delcy Mac Cruz

O número de cultivares de cana-de-açúcar no Brasil passa de 200.

Esse montante, no entanto, pode chegar próximo de 300 porque a atividade canavieira começou no longínquo 1533, com a implantação do primeiro engenho de açúcar em São Vicente, no litoral paulista.

Depois, o adoçante passou a ser produzido nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas, conforme estudo divulgado pelo Instituto Biológico.

 

Centenas - Diante de uma atividade agrícola de centenas de anos, não é de espantar que haja centenas de variedades de cana.

Tem mais: cada produtor escolhe a variedade e pesa nessa escolha o preço da muda, se ela é adequada ao solo, etc etc.

 

Ganhos - Mas o setor sucroenergético tem ganhado novas variedades cujo objetivo é oferecer ganhos de produtividade aos produtores, além de gerar mais retorno financeiro para quem lança.

Afinal, uma variedade exige um empreendimento que pode levar até uma década até a muda ser colocada à venda.

 

O que há de novo?

O blog Fenasucro lista a seguir destaques de novas variedades recém-lançadas ou que estejam para chegar ao mercado sucroenergético.

 

Confira:

 

CTC: 5 novas variedades

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) deve lançar cinco novas variedades durante a safra em andamento, a 2024/25.

A novidade foi apresentada pelo Globo Rural (leia aqui).

As variedades estão em fase pré-comercial e em maio último passavam por testes nas lavouras de clientes.

César Barros, presidente da companhia, disse ao Globo Rural

disse que os novos lançamentos também devem oferecer mais retorno aos produtores.

“Para cada variedade ser lançada, ela precisa bater [a produtividade em] 10% das variedades mais plantadas no mercado”, afirmou.

Outro critério é que a variedade em desenvolvimento apresente, nos testes, ganho de produtividade de 3% a 4% ao ano. “É bastante para quem mexe com melhoramento genético”, completa.

Pioneira no lançamento de transgenia em cana-de-açúcar, o CTC já oferece 11 variedades transgênicas, que estão em diferentes fases no pipeline de lançamentos. O foco é a resistência ao herbicida glifosato, além da resistência à broca-da-cana, que foi o primeiro desenvolvimento do CTC.

 

Foco no Nordeste

O CTC também investe no desenvolvimento de variedades de alta produtividade adaptadas às condições de solo e clima do Nordeste do país.

Outro objetivo está nos produtos organismos geneticamente modificados (que recebem a sigla BT) para combate à broca gigante, uma das principais pragas da região.

Em seu portfólio de variedades para o Nordeste, o CTC oferece três variedades BT, que atuam no controle da broca da cana-de-açúcar. A modificação genética permite também a supressão da broca gigante, considerada a principal praga dos canaviais da região.

Em termos de portfólio e presença no mercado, o CTC nota a diversificação de variedades e a penetração de mercado no cenário agrícola ao longo das safras.

Em 2013/14, eram utilizadas apenas oito variedades; já na safra 2023/24, esse número aumentou para 23.

Além disso, os cultivares estão presentes em clientes que representam mais de 50% da área cultivada com cana no Nordeste, triplicando a presença do portfólio do CTC nesse período.

Para as próximas safras, a expectativa é lançar até duas variedades por ano. De acordo com a companhia, esse processo deve acelerar ainda mais a adoção de variedades desenvolvidas pelo CTC na região Nordeste.

 

Nuseed: aposta em ‘cana energia’

Controlada pelo grupo australiano Nufarm, a Nuseed, empresa de sementes, investe R$ 75 milhões no Brasil para desenvolver novas variedades de ‘cana energia’, conforme publicação do Globo Rural.

 

O que é ‘cana energia’: diferentemente da cana convencional, ela tem mais fibras e produz mais etanol e bagaço, mas menos açúcar.

No caso das variedades em desenvolvimento, elas estão voltadas para áreas com solos pouco férteis e que registram poucas chuvas.

 

Até 2027: Conforme a empresa, a previsão é que os aportes, iniciados em 2023, continuem até 2027.

A companhia entrou no país em 2022, quando comprou a área de genética de cana da GranBio (leia mais a respeito aqui).